A fé é um alicerce da crença e prática cristã, e sua relação com agradar a Deus é tanto profunda quanto fundamental. Para entender como a fé se relaciona com agradar a Deus, devemos explorar a narrativa bíblica, que consistentemente enfatiza a fé como essencial para uma vida que honra a Deus. De fato, a Bíblia ensina que sem fé é impossível agradar a Deus, pois a fé é o meio pelo qual os crentes se conectam com o divino e alinham suas vidas com a vontade de Deus.
O livro de Hebreus fornece uma compreensão fundamental da necessidade da fé para agradar a Deus. Hebreus 11:6 afirma: "Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam com sinceridade." Este versículo captura sucintamente a essência da fé na vida cristã. A fé não é meramente um assentimento intelectual à existência de Deus, mas envolve uma busca ativa e confiante de um relacionamento com Ele. É através da fé que os crentes reconhecem a realidade e a bondade de Deus, confiando que Ele está presente e ativo em suas vidas.
A fé, conforme descrita na Bíblia, é uma confiança dinâmica e viva em Deus. É exemplificada através das vidas de figuras bíblicas como Abraão, Moisés e Davi, que demonstraram sua fé através da obediência e confiança nas promessas de Deus. Abraão, frequentemente chamado de pai da fé, é um exemplo primordial. Em Gênesis 15:6, lemos: "Abrão creu no Senhor, e isso lhe foi creditado como justiça." A fé de Abraão não era uma crença passiva, mas uma confiança ativa que o levou a deixar sua terra natal e viajar para uma terra desconhecida, confiando na promessa de Deus. Sua fé foi contada como justiça porque era uma resposta viva e obediente ao chamado de Deus.
A relação entre fé e agradar a Deus é ainda ilustrada na vida de Moisés. Hebreus 11:24-27 relata como Moisés, pela fé, recusou ser conhecido como filho da filha de Faraó, escolhendo em vez disso sofrer com o povo de Deus. Sua fé o levou a rejeitar os prazeres passageiros do pecado e a considerar a desonra por causa de Cristo como de maior valor do que os tesouros do Egito. A fé de Moisés agradou a Deus porque demonstrou uma disposição de priorizar os propósitos de Deus sobre o ganho pessoal, refletindo uma profunda confiança no plano final de Deus.
No Novo Testamento, o próprio Jesus enfatiza a importância da fé para agradar a Deus. Nos Evangelhos, vemos inúmeras instâncias em que Jesus elogia indivíduos por sua fé. Por exemplo, em Mateus 8:10, Jesus se maravilha com a fé do centurião romano, dizendo: "Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé." A fé deste centurião agradou a Jesus porque demonstrou uma confiança profunda em Sua autoridade e poder, mesmo sem evidência física.
Além disso, a fé está intrinsecamente ligada ao conceito de graça no Novo Testamento. Efésios 2:8-9 nos lembra: "Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé — e isto não vem de vós, é dom de Deus — não por obras, para que ninguém se glorie." Aqui, a fé é apresentada como o meio pelo qual os crentes recebem a graça de Deus. Não é através do esforço humano ou mérito que agradamos a Deus, mas através da confiança em Sua graça e provisão. Esta compreensão da fé destaca seu aspecto relacional; trata-se de confiar no caráter de Deus e em Suas promessas, em vez de nossas próprias habilidades.
O apóstolo Paulo elabora ainda mais sobre o papel da fé na vida cristã em suas cartas. Em Romanos 1:17, ele escreve: "Pois no evangelho é revelada a justiça de Deus — uma justiça que é pela fé do princípio ao fim, como está escrito: 'O justo viverá pela fé.'" Este versículo destaca que a fé não é apenas o ponto de partida da jornada cristã, mas também sua força sustentadora. Viver pela fé significa confiar continuamente na justiça de Deus e em Seu poder transformador em nossas vidas. É esta fé contínua que agrada a Deus porque reflete uma vida orientada para Seus propósitos e dependente de Sua força.
A fé também desempenha um papel crucial na santificação do crente — o processo de se tornar mais semelhante a Cristo. Em Gálatas 2:20, Paulo declara: "Fui crucificado com Cristo e já não vivo, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim." Este versículo ilustra como a fé é central para a identidade cristã e a vida diária. Pela fé, os crentes são unidos a Cristo, e é através da fé que experimentam Sua presença transformadora. Esta jornada contínua de fé agrada a Deus porque reflete um compromisso de crescer em santidade e amor, espelhando o caráter de Jesus.
Além disso, a fé não é um esforço solitário, mas é vivida em comunidade. A igreja primitiva, conforme descrita no livro de Atos, exemplificou uma fé que era comunitária e ativa. Atos 2:42-47 descreve uma comunidade de crentes que se dedicavam ao ensino dos apóstolos, à comunhão, ao partir do pão e à oração. Sua fé era evidente em sua generosidade, hospitalidade e adoração, e agradava a Deus porque demonstrava um compromisso coletivo de viver o evangelho. Este aspecto comunitário da fé destaca a ideia de que agradar a Deus envolve não apenas confiança pessoal, mas também participação ativa no corpo de Cristo.
Além da narrativa bíblica, a literatura cristã há muito explora o tema da fé como algo que agrada a Deus. Em sua obra clássica "Cristianismo Puro e Simples", C.S. Lewis discute a natureza da fé, enfatizando que envolve tanto crença quanto ação. Lewis argumenta que a verdadeira fé não é apenas sobre manter certas crenças, mas sobre confiar em Deus o suficiente para agir com base nessas crenças. Esta perspectiva alinha-se com a compreensão bíblica de que a fé é demonstrada através da obediência e ação, que agradam a Deus.
Da mesma forma, em "O Custo do Discipulado", Dietrich Bonhoeffer escreve sobre a relação entre fé e obediência. Ele afirma que fé e obediência são inseparáveis, pois a verdadeira fé resulta em uma vida que reflete a vontade de Deus. As percepções de Bonhoeffer destacam que agradar a Deus envolve uma fé que é ativa e transformadora, levando a uma vida de discipulado e serviço.
Em conclusão, a fé é integral para agradar a Deus porque reflete um relacionamento confiante e obediente com Ele. Desde os patriarcas do Antigo Testamento até os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos, a Bíblia consistentemente apresenta a fé como o meio pelo qual os crentes se conectam com Deus e alinham suas vidas com Seus propósitos. A fé não é uma crença estática, mas uma confiança dinâmica e viva que resulta em ação e transformação. É através da fé que recebemos a graça de Deus, vivemos por Sua justiça e participamos de Sua obra redentora no mundo. Esta jornada de fé, tanto pessoal quanto comunitária, é o que agrada a Deus e cumpre Seu desejo por um povo que reflete Seu amor e santidade.